quarta-feira, 9 de julho de 2014

Agricultores aperfeiçoam a captação e armazenamento d'água no semiárido.

O Semiárido brasileiro é o mais populoso do mundo, com 22 milhões de habitantes, e também o mais chuvoso do Planeta. A média pluviométrica varia de 200mm a 800mm anuais, dependendo da região. As chuvas, porém, são irregulares no tempo e no espaço. Além disso, a quantidade de chuva é menor do que o índice de evaporação, que é de 3.000mm/ano, ou seja, a evaporação é 03 vezes maior do que a chuva que cai. Isso significa que as famílias precisam se preparar para a chegada da chuva. Ter reservatórios para captar e armazenar a água é fundamental para garantir segurança hídrica no período de estiagem, a exemplo das cisternas domésticas e das cisternas-calçadão. Mas há outras.
Aí entra a Articulação Semiárido Brasileiro - ASA, uma rede de organizações sociais com a missão de fortalecer a sociedade civil na construção de processos participativos para o desenvolvimento sustentável e a convivência com o Semiárido, referenciados em valores culturais e de justiça social.
O Programa Um Milhão de Cisternas - P1MC, criado e executado pela sociedade civil, promove a descentralização das estruturas de abastecimento de água e, conseqüentemente, a sua democratização. O objetivo é levar água de qualidade para 5 milhões de pessoas e demonstrar que o Semiárido é uma região viável. Esse cálculo, feito há alguns anos, teve como base a quantidade de pessoas que viviam no Semiárido. A cisterna é a garantia de água para beber e cozinhar durante a estiagem, sem precisar pagar nem pedir favor.
Já o Programa Uma Terra e Duas Águas - P1+2 tem como objetivo fomentar a construção de processos participativos de desenvolvimento rural no Semiárido brasileiro e promover a soberania, a segurança alimentar e nutricional e a geração de emprego e renda entre as famílias agricultoras por meio do acesso e do manejo sustentáveis da terra e da água para a produção de alimentos. O 1 significa terra para produção. O 2 corresponde a dois tipos de água - a potável, para consumo humano, e água para produção de alimentos. O P1+2 integra o Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido da ASA e congrega o P1MC.
Sociólogo e Coordenador do P1+2, Antonio Barbosa, explica que o Brasil deve atingir a meta de 1 milhão de cisternas no fim deste ano. O cálculo da necessidade no entanto, foi atualizado para 1.280.000 e, já que a agricultura familiar camponesa soma 1,5 milhão de famílias no País, calculasse a necessidade de avanço também na construção de tecnologias de segunda água para a produção.
A realidade predominante é de pouco espaço, o mais viável é a construção no quintal, o que potencializa o entorno e, neste caso, a tecnologia mais viável é a cisterna calçadão. Daí, de 100 mil tecnologias de captação e armazenamento, mais de 50% são do tipo. A segunda tecnologia mais empregada é a cisterna enxurrada, ideal para a produção no quintal, pequenos roçados e criação de animais. Na seqüência, vem a berreiro-trincheira, a que mais acumula água, em torno de 500 mil litros, quase 10 vezes a quantidade da cisterna calçadão (52 mil litros). A questão é que necessita de espaço, com profundidade mínima de 3 metros. Já a barragem subterrânea, é mais difícil de localizar, depende do tipo de solo, profundidade. Em compensação, garante melhores resultados, tanto para uso doméstico quanto para manutenção de plantios e criação de animais.

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