quarta-feira, 4 de julho de 2012

ARCE alerta o risco de colapso hídrico, no CE.

A Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará - ARCE já manifesta preocupação com municípios que despontam para entrar em colapso no fornecimento de água tratada.

Ao todo, são 11 reservatórios que apresentam níveis de capacidade de água abaixo de 20% e mais 12 com total de reservas inferior a 30%. Esses percentuais deverão diminuir até começo da próxima estação chuvosa, pela falta de chuvas, aumento da evaporação e, sobretudo, no atendimento da demanda.

O Coordenador de Saneamento Básico da ARCE, Alceu Galvão, disse que está examinando relatório enviado, ontem (03), pela Companhia de Águas e Esgotos do Ceará - CAGECE, que apresentam as áreas onde há menor oferta hídrica para tratamento de água.

"Apesar da Região Metropolitana apresentar uma situação mais favorável, há vários municípios que despontam para o colapso no fornecimento de água, por conta das baixas reservas de seus açudes", disse Alceu.

A situação mais crítica envolve os municípios de Tauá e Baixio, onde as reservas dos açudes estão a baixo dos 12%. Atualmente, a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos - COGERH estima um acúmulo de 64% da capacidade, com uma perda de, pelo menos, 1% a cada mês. Esse percentual corresponde a 1,6 bilhão de metros cúbicos de água.

A situação mais grave envolve os reservatórios, com níveis inferiores a 20% nas cidades de Irauçuba, Canindé, Quixeramobim, Quixadá, Tauá, Quiterianópolis, Pereiro, Baixio e Mauriti. Com estes, somam o total de 23 cidades, incluindo os açudes com capacidade entre 20% e 30%. Além destes, existem mais 18, com capacidade inferior a 40%. São eles: Pato (Martinópole), Patos (Sobral), Penedo (Maranguape); Riachão e Pacoti (Itaitinga), Castro (Itapiúna), Farias de Sousa (Novas Russas), Carão (Tamboril), Barra Velha e Jaburu (Independência), Jatobá (Milhã), Flor do Campo (Novo Oriente), Trici (Tauá), Fae (Quixelô), Do Coronel (Antonina do Norte), Poço de Pedra (Campos Sales) e Manuel Balbino (Juazeiro do Norte).

É válido destacar que a estiagem comprometeu o abastecimento de água em todo o Estado. Desde a construção do Castanhão, tem aumentado a convicção de que o Ceará agüenta dois anos seguidos de estiagem. Essa previsão já foi apregoada pela COGERH, mas não antes do resultado da quadra chuvosa este ano, considerada como uma das piores já registradas no Estado.

Ao todo, o Ceará pode comportar 10,9 bilhões de metros cúbicos nos 132 açudes monitorados pela COGERH em todo o Estado. A marca atual representa um pouco mais da metade, mas levando em consideração a média. Mas há problemas no Sertão Central, no Maciço do Baturité e, sobretudo, nos Inhamuns.

Embora a CAGECE alegue que não há colapso no fornecimento no momento, a ressalta é que já municípios com sinal de alerta, como é o caso de Quiterianópolis.

O fato é que a seca deste ano, para as autoridades, não significaram apenas em perdas significativas na programação agrícola e pecuária, mas compromete também o abastecimento humano. Isso não representa apenas na diminuição da oferta, mas também na qualidade da água, que deve estão dentro dos padrões de potabilidade para consumo das populações cearenses.

Embora afirme que não há ainda um quadro de colapso no fornecimento de água, a Companhia de Águas e Esgotos do Ceará - CAGECE verifica um quadro crítico em 25 municípios cearenses. O problema mais grave é em Quiterianópolis, no Sertão Central, Beberibe, no Litoral Leste, e nos municípios localizados no Maciço do Baturité, especialmente Pacoti e Palmácia.

O Diretor Operacional da CAGECE, André Facó, explica que a expectativa de colapso não leva em conta apenas a questão da relação oferta e demanda hídrica. Ele ressalta que há um peso bem relevante no que diz respeito à qualidade da água.

"Aqui não consideramos apenas os níveis de recarga dos reservatórios. Vamos considerar, também, que qualidade de água está sendo fornecida para a população, de forma que a potabilidade não fique comprometida", afirmou André Facó. Ele disse que o relatório sobre o potencial hídrico foi encaminhado para ARCE e levados em consideração todos os fatores que norteiam a parte operacional da água tratada. Na sua avaliação, a baixa recarga influi na piora da qualidade da água e isso deve ser explicitado nos relatórios.

Para André Facó, a situação de dificuldades tem razões diversas. Além das regiões que dependem do acúmulo de água nos açudes, há aqueles que são abastecidos por poços subterrâneos. No primeiro caso, cita o caso de Quiterianópolis, que foi o primeiro município a apresentar um alerta para as autoridades. O segundo caso tem relação com as cidades instaladas no Maciço do Baturité, onde as populações têm uma dependência muito forte dos poços subterrâneos.

Andre Facó explica que, como não houve uma estação chuvosa que desse recarga a esses poços, já há situações preocupantes em regiões de Pacoti e Palmácia. O quadro é menos grave na Ibiapaba, conforme explicou, em vista do sistema integrado que abastece a região. Mesmo assim, há casos pontuais do fornecimento ficar interrompido por alguns momentos naquela região.

No caso da Região Metropolitana de Fortaleza, lembra que há uma reserva considerável no sistema Pacoti-Riachão-Gavião. Este vem sendo suprido ainda pelo Canal da Integração e do Trabalhador. A água provém do Açude Castanhão, que tem por finalidade abastecer especialmente a Capital e os municípios do entorno, como os da Região Metropolitana de Fortaleza.

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