Como identificar e tratar o Refluxo.

Há seis anos, o motorista Antônio Pessoa de Sousa, 43, descobriu que a sensação de 'tudo estar pegando fogo por dentro' era, na verdade, um dos sintomas do Refluxo. Os primeiros incômodos começaram a aparecer quando jantar e deitar, em um intervalo curto de tempo, se tornaram inconciliáveis. Era preciso passar, pelo menos, duas horas 'arrumando coisa pra fazer' antes de ir dormir. Valia assistir a TV, ler, andar de um lado pro outro. Menos deitar na cama porque senão 'voltava tudo numa queimação doida', enfatiza.

Em meio aos vômitos, 'que saiam até pelo nariz', as dores no estômago e as tosses, seu Antônio começou tratamento médico. Decidiu entender de vez o refluxo e fazer o que era preciso, se não para se livrar dela, pelo menos, para aprender a conviver sem danos. "Entendi que eu tinha que deixar de beber, de fumar, tinha que emagrecer e me alimentar bem", admite.

"A mudança de hábitos alimentares e comportamentais é imprescindível", orienta o Médico Gastroenterologista, Marcelo Pinho. Ele explica que a Doença do Refluxo Gastroesofágico - DRGE acontece por conta do retorno, do estômago para o esôfago, da comida ingerida há pouco. Isso porque uma válvula, chamada esfíncter, que deveria barrar a passagem dos alimentos já no estômago, apresenta mau funcionamento.

"A azia é um dos inúmeros sintomas de que reclamam as pessoas com a doença. A dor torácica é outro deles. É uma dor tão intensa que, muitas pessoas, pensam estar em processo de infarto ou isquemia no coração", esclarece. Ele acrescenta que a doença pode provocar também inflamação acompanhada de tosse seca quando atinge a laringe. Se for aspirado, o conteúdo do refluxo pode ir para dentro dos pulmões e causar pneumonia, bronquite e asma.

O Refluxo não é tão simples para ser ignorado, mas não deve ser motivo de grandes preocupações, caso os cuidados necessários sejam tomados desde o início. A abordagem foca, também, a hérnia de hiato, uma das maiores causas de refluxo entre os adultos, e o que fazer quando o refluxo ocorre em bebês.

A obesidade é um fator de risco importante para o refluxo. Pacientes obesos com pressão abdominal aumentada, que fazem refeições volumosas e se deitam em seguida estão mais sujeitos a sofrerem com o problema.

Existem alimentos que favorecem e provocam o refluxo porque ajudam a comprometer a mucosa do esôfago e do estômago: café, chá preto e chá mate, chocolate, alimentos ácidos, molho de tomate, bebidas alcoólicas e gasosas.

O tratamento de refluxo passa sempre pela reeducação comportamental e alimentar.