segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
Açudes cearenses estão em níveis mais baixos, desde 1994.
segunda-feira, janeiro 04, 2016
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O ano de 2015 se despediu dos cearenses com um registro negativo quanto ao volume médio acumulado nos reservatórios. O índice atual de 12,2% é o mais baixo desde 1994, quando a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) começou a fazer o monitoramento das reservas hídricas acumuladas em açudes.
O ano de 2016 começa com forte tendência de ser o quinto período anual de chuvas abaixo da média. O cenário permanece desfavorável e preocupante. Nos próximos três meses a situação no Ceará poderá ser agravada ou amenizada. O que vai ocorrer? A resposta está nas condicionantes climáticas. O tempo vai responder.
Daqui a um ano como estará o nível médio dos açudes no Estado do Ceará? É uma questão que preocupa a todos, governo, produtores rurais e moradores. O tempo trará a resposta certa, mas a probabilidade atual, que é incerta, aponta para um elevado risco de registro de uma nova seca. O El Niño permaneceu intenso em novembro e dezembro passados e pode ter sido o mais elevado, superando os registros de 1997 e 1998. Em breve será divulgado esse índice.
Prognóstico
A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) divulga, no próximo dia 20, o primeiro prognóstico para a quadra chuvosa (fevereiro a maio) desde ano. Dois dias antes, começa, na sede do órgão, na capital cearense, um seminário com a participação de meteorologistas de institutos do Nordeste e do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe).
Segundo o meteorologista da Funceme Raul Fritz, o fenômeno meteorológico do El Niño, que se caracteriza pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, tem forte influência sobre a quadra chuvosa no Ceará. Os estudiosos vão agora observar a temperatura das águas do Oceano Atlântico, acima e abaixo do Equador.
A análise dos dados de temperatura das águas superficiais dos oceanos e de outros fatores vai determinar o estudo de probabilidades da próxima quadra chuvosa, com percentuais nas categorias acima, abaixo e dentro da média anual histórica para a quadra chuvosa, que é de 600 mm.
Os indicadores não são nada favoráveis e é bem provável que o próximo prognóstico apresente um elevado índice das chuvas permanecerem abaixo da média, comportamento que vem se repetindo desde 2012.
Os meteorologistas chamam a atenção para o fato de que as chuvas verificadas no último mês de dezembro em áreas isoladas do Estado não têm relação com o sistema prevalecente na quadra chuvosa. O fenômeno denominado Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) vem provocando essas precipitações.
Para alguns agricultores a chuva caída recentemente seria o presságio de “um bom inverno”. Outros observam que a regularidade e intensidade do vento Aracati e a floração de árvores típicas do sertão indicariam boas chuvas nos próximos três meses.
A observação popular contraria as primeiras previsões científicas. Mais uma vez, o tempo tem a resposta. O certo é que o cenário atual é preocupante: perda das reservas hídricas e previsão e chuvas abaixo da média. Como o cearense vai enfrentar 2016? Ainda não temos com certeza a resposta para o futuro, mesmo próximo, mas o passado vem sendo desanimador.
A Funceme observa que, desde 2012, as chuvas ficaram abaixo da média histórica e houve seguidas perdas no volume dos açudes. A escassez de água resulta em um quadro grave.
O atual ciclo de estiagem, que começou em 2012, é o mais longo desde 1973, segundo estudos da Funceme. No fim da quadra chuvosa passada (fevereiro a maio) os açudes acumulavam 21%. Hoje estão em 12,2%. Há pelo menos quatro anos que se vem registrando déficit hídrico no Ceará. A tendência é de queda continuada das reservas hídricas no Ceará pelo menos neste mês e no próximo.
Em 10 de junho passado, o volume médio dos reservatórios era de 20%. Sete meses depois, ocorreu uma queda de 8%. Se não houver recarga nos próximos meses, o cenário será agravado em várias cidades do Estado. Muitas já enfrentam racionamento, falta de água. Com os açudes secando, dezenas de adutoras instaladas emergencialmente não vão funcionar por absoluta falta de recurso hídrico para ser transferido.
Por enquanto, o governo prefere manter a cautela, aguardar a previsão da Funceme e o comportamento do clima. Recentemente, o secretário de Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, e o governador Camilo Santana, repetiram que há monitoramento permanente do nível dos açudes e discussão sobre as medidas mais urgentes a serem adotadas em todas as regiões do Estado.
Estratégia
Uma das estratégias já anunciadas, que pode ser concretizada em abril de 2016, caso não ocorra recarga no Castanhão é a operação de transferência de água do Açude Orós para aquele reservatório, no Médio Jaguaribe. Remanejamento de água semelhante ocorreu em 1993, quando o Orós foi totalmente esvaziado para salvar a população e empresas da Grande Fortaleza, por meio do Canal do Trabalhador. Atualmente, o Orós está com 33% de sua capacidade.
Será que as águas tão esperadas do Rio São Francisco chegarão ao Ceará no segundo semestre deste ano para amenizar a escassez de recurso hídrico em algumas regiões? E o “Velho Chico” terá água para atender a demanda regional, já que também enfrenta quadro de seca no seu curso? O que o governo pode fazer diferentemente das medidas adotadas até agora baseadas em um receituário antigo: carro-pipa, adutora e perfuração de poço? E a população o que pode fazer? Para esta última questão há uma resposta: economizar água, usar de forma consciente.
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